Razão para o projeto: entender o mercado consumidor e público-alvo dos sebos, para quem este projeto é direcionado.

O público-alvo da Estante Virtual confunde-se com o consumidor regular de livros de segunda mão, frequentador recorrente de sebos. De acordo com levantamento do IPL de 2015, do total de pessoas que haviam comprado ao menos um livro, 12% compraram em livrarias online e 9% compraram em sebos.

Algumas pesquisas acadêmicas apontam pouca diferença no público em termos de gênero, com uma ligeira maioria de mulheres. A idade dos consumidores também é mais avançada, com maior participação de pessoas acima dos 45 anos. Também é alta a escolaridade dos consumidores: 3 em cada 4 clientes de sebos têm, no mínimo, ensino superior incompleto.

Quanto à realidade financeira, sebos atraem um público menos abastado: 4 em cada 10 consumidores de sebos ganham geralmente de um a três salários mínimos. A proporção também se aplica ao principal motivo por que estes consumidores recorrem a sebos para comprar livros: 4 em cada 10 alegam preço baixo como motivo principal para comprar destas livrarias. A busca por livros raros também é um motivo que leva as pessoas a sebos: 3 em cada 10 consumidores de sebos têm esta finalidade.

Apesar da busca por preços mais baixos que as de livrarias comuns, uma pesquisa feita com consumidores de sebos de Natal, Rio Grande do Norte, aponta um tíquete médio de mais de R$ 45,00, indicando maior tendência a compras de vários livros em uma visita. Comprar livros expostos na prateleira é um hábito de 8 em cada 10 desses consumidores.

Outro comportamento interessante é o de pessoas que pesquisam livros na Internet antes de compra-los, feito por 44% dos consumidores. A migração de sebos para plataformas próprias de e-commerce e parceiros como a Estante Virtual reforça esse comportamento, especialmente com os últimos meses desde março de 2020, em que as pessoas tiveram liberdade de trânsito interrompida pela pandemia de Covid-19.

Livrarias online

A Internet tem sido um reduto para o mercado literário, após grandes redes de livrarias como a Saraiva e a Cultura reduzirem drasticamente suas atividades no Brasil. Ainda que outras redes, como a Livraria da Vila e a Leitura tenham se expandido, o total de livrarias físicas no Brasil caiu de 3100 para 2200 (ANL), com receita de R$ 175 milhões entre os meses de setembro de 2020 a 2021 e tíquete médio acima de R$ 40.

Já no mercado online, as vendas cresceram 84% no mesmo período — em parte, devido às políticas de distanciamento social na pandemia. No entanto, antes de 2020 o crescimento do mercado literário online já era notável, com a presença de varejistas de grande peso, como Amazon, Magazine Luiza e B2W (Americanas/Submarino). Estima-se que as vendas online de livros, de acordo com seu gênero, esteja entre 50% a 80% do total.

Contudo, mesmo no mercado online, o predomínio ainda é do formato de livro físico. O perfil do consumidor de livrarias virtuais compreende uma grande parcela de pessoas que preferem o livro de papel a outras plataformas pelo desejo de não serem interrompidas e terem dificuldade para desassociar o uso de dispositivos digitais a tarefas como navegar na Internet — uma barreira que e-readers como o Kindle, Kobo e Alfa tem ajudado a derrubar.

Algumas pesquisas apontem uma presença ligeiramente maior de mulheres entre clientes de livrarias online, embora essa divisão seja praticamente empatada. No entanto, o público tende a ser mais jovem, com maiorias nas faixas de 25 a 35 anos (43%), também mais concentrado na região sudeste. A escolaridade dos clientes também é alta — mais de 50% com ensino superior completo ou incompleto.

Um fator comum entre os públicos de sebos e os de livrarias online é o motivo de compra de livros. Mais da metade do público compra livros pelo simples prazer de ler; outros motivos, como exigência da escola ou faculdade, interesse pelo gênero e aquisição de conhecimento, aparecem em segundo plano.

Referências